terça-feira, março 03, 2009

Caiu, a ficha caiu.

Novamente em Campos de Jordão, fiquei muito contente em estar de volta ao Ashram. O aprendizado está em todas as coisas. É como se a vida lá fora te tirasse do foco do fazer e se tornar prático. Aqui tem um rítmo de vida completamente diferente e com diversos tipos de serviços. Um exemplo, ontem estive sozinho ao meio-dia preparando a bandeja de alimento que foi oferecida para o altar. Neste momento apareceu o vendedor de frutas, legumes etc. Ficou para mim fazer as compras, não foi nada demais, mas foi um aprendizado. Também aprendi a fazer pão indiano, beeemmm redondinho, hehehe. Tem os seus truques, não deixar duro demais ou cru. Aqui dentro eu percebo a minha inutilidade, a minha falta de espiritualidade e como eu estou longe de algo que chegue perto daquilo que busco seguir. Antes de ontem eu estava oferecendo frutas para Mahaprabhu (a deidade do altar) e percebi que estava sendo totalmente mecanico nos meus atos, tocar o sino, mecher com o lenço e toda a parafernália que se usa. Estava com a pintura na testa, vestindo a roupa apropriada, banho tomado, etc. Fiquei pensando no quanto eu me achava espiritualizado antes, ouvia elogios e tudo o mais, mas naquela hora a verdade era aquela: uma brincadeira de ser Hare Krishna. O objetivo é fazer com devoção, e fazendo esporádicamente eu achava que tinha isso, mas ao fazer de domingo a domingo três vezes por dia eu notei que não. Conversei com uma pessoa daqui e a resposta dela mexeu comigo. "Que bom que você percebeu isso, pois estamos infinitamente longe da transcendencia, infinitamente longe." Logo percebi, que por mais que eu busque a espiritualidade eu ainda estou ligado as coisas mundanas e isso não muda do dia para noite ou pelo fato de trocar as vestes e receber um nome espiritual. Outra coisa que andei me afastando são essas coisas misticas, sonhos a serem decifrados, fogos com Vishnu, vozes do além, gatos pretos, cores, energias, luzes, milagres etc. Isso mexe com minha fantasia e ego, começo a viajar na maionese e beirar a loucura, penso que sou especial(quem sabe um semideus). Prefiro a sanidade, a consciência da minha pequenez e inutilidade. A verdade que o meu ego sempre vai se derreter a um elogio, ou a algum sentimento de alegria nas práticas espirituais. E porque estou aqui então? Porque eu me sinto atraído(muito mesmo) e não consigo ver sentido nas coisas do mundo.