sexta-feira, dezembro 28, 2007

E o pobre come melancia

Na estrada eu vi uma casa no meio do campo. Nesta casa morava uma mulher de 23 anos, ela gostava de cantar sozinha. Ninguém nunca a escutava cantar, mas ela gravou um disco que nunca lançou e essa é a prova de que eu estou falando a verdade. Uma vaca mugia do lado de fora e o vento soprava as folhas das árvores que estavam em torno da casa, as únicas que haviam. O resto era plano, um horizonte infinito com alguma coisa em vista lá no fundo, mas muito longe. Nesta lonjura eu me encontrava vendo a casa, passando de carro na velocidade de 80 Km/h. Alguns minutos da minha vida, nada mais do que isso, foi o tempo que demorei para escutar seu disco. As estrelas brotaram de seu vestido, uma dançarina que só tinha olhos para mim, ela cantava com uma voz tão suave que me imaginei em um oceano à meia noite. Uma baleia passava lentamente, espirrando seu jato, o seu canto me fazia pensar na vaca que mugia, esta não pensava em mais nada do que capim. Tudo bem! Eu também já fui assim. Já pensei e isso não doeu, mas me pôs em um sono tão profundo que me fez esquecer da realidade. Naquela noite eu não estava mais lá, eu havia passado perto do meio dia. Todos estavam em silêncio dentro do carro, no momento em que eu vi a oportunidade de escrever. Eis o manto azul que pousa sobre mim, o que dizer das tragédias se eu não as vivenciei. O que dizer de vocês, Pontos de interrogações? A mulher cantou no vazio e eu estava tão distante, tão bela gravação!

segunda-feira, dezembro 17, 2007

Férias


A familia, os amigos, a praia, o carnaval, idéias duvidosas e planos que esqueci. O que vai acontecer nestas férias? Tem todas as coisas que giram neste universo de cultura que é o Brasil. Uma onda boa, um catelo de areia e a caminhada do nascer do sol.

segunda-feira, dezembro 10, 2007

A MULHER!


:)Ela é tão...

domingo, dezembro 02, 2007

Natural


A minha vida, o caminho que eu escolho e as responsabilidades que adquiro. Cabe a mim dar a direção até certo ponto, há lacunas em minha trajetória em que isso não é possível. Eu tenho minha individualidade, devo preservá-la. A vida se mostra muitas vezes com um humor muito duvidoso. A preocupação e insegurança são normais e haverá pessoas que irão querer utilizar-se disso. Ser natural como um suco de laranja feito às 6 horas da manhã, ser natural como o sorriso depois do almoço, ser natural como a beleza do nascer do sol na beira da praia e tantas outras coisas. O que mais me espanta é que nos perdemos a maior parte do tempo se preocupando com besterinhas que brotam das nossas cabeças, isso pode ser natural também, porém repito o que eu disse antes: A minha vida, o caminho que eu escolho e as responsabilidades que adquiro.

domingo, novembro 25, 2007

No passinho da formiga, no tamanho do elefante...


Ela levantou-se e foi diretamente na direção do joven rapaz de camisa listrada, lhe ofereceu uma maçã do amor. Antes dele pegar a fruta, ela levou-a a sua boca e deu uma mordida voraz, mastigou-a bem e lhe disse:
- Maçã é um alimento tão bom, essa maçã é tão doce!
O rapaz olhando com tanto desejo, levantou-se da cadeira e pegou a maçã da mão dela. Deu uma mordida com mais ferocidade que ela. Mastigou a maçã e seus olhos não se desviavam dos olhos dela. Ela pegou a maçã da boca dele e jogou-a longe. Ela começou fazer mímica e ele tentava adivinhar, o tema sempre mudava, ela gritava:
-Filmes!
Ele suava e tentava adivinhar com toda energia:
-Duro de matar!
-Uma loira em minha vida!
-Debby&Lóide!
-Copacabana me engana!
Os olhos dela estavam pegando fogo:
-Você errou!
Ele caiu de joelhos:
-E agora o que faço?
-Dê-me um beijo
Ela puxou-o pelo colarinho, levantou-o e deu-lhe um beijo que o fez cair em um buraco! Ele não sabia onde pisar, os seus braços se enroscaram no corpo dela e ele levantou-a e lhe devolveu o beijo. Os dois começaram a correr em volta do salão. Um velho quis participar do espetáculo e quebrou três costelas. Levaram-no ao hospital, depois disso, dentro do hospital, começaram tudo de novo. Não houve sobreviventes.

sábado, novembro 17, 2007

Preparações

E lá estava aquela família reunida em volta da mesa. Havia um presente posto como o centro das atenções. Ele era fantástico! Estava embalado com um laço dourado e um papel vermelho da loja mais chique da cidade. As pessoas olhavam com tanto carinho que resolveram emoldurar a obra de arte. Os visitantes que chegavam consideravam algo feito por um artista plástico. O embrulho saltava para fora da parede e ficava em cima da cadeira do chefe da casa, na sala de jantar. Antigamente havia uma cabeça de Alce no local,porém, agora, pelo desejo de todos o belo embrulho retirou o bicho galhudo do campo de visão de todos. Havia um gurizinho muito curioso e ele morava na casa ao lado, ele morreu atropelado por um caminhão, pois queria saber se tinha super poderes. A família dele não emoldurou o corpo dele, pois não era bonito. Seu corpo foi transformado em alguma obra de arte de rua bizarra normalmente feita por moleques endiabrados. O avô da família que emoldurou o presente vermelho de laço dourado tinha um programa predileto na televisão, mas depois que o presente surgiu todos deixaram ele assistir qualquer coisa, então não teve mais vontade de assistir o seu programa predileto. As crianças da casa sabiam que não podiam tocar no quadro, mas ninguém se importava se elas ficassem passando o dedo e lambendo a moldura.
Houve um momento em que o papel da magnífica obra de arte desbotou, foi passado tinta têmpera e o problema foi resolvido, porém surgiu uma goteira. Todos sabem que tinta têmpera não resiste a água, depois desse acontecimento triste encontraram uma solução. Tinta de tecido! Sim um gênio havia inventado a tinta de tecido. Haveria algum outro gênio para criar a tinta de presente. Entre os esquimós do Alaska havia um mago e ele tinha a solução para o problema do presente do papel vermelho e laço dourado.
Nesta mesma época a matriarca ficou grávida, o pai começou a fumar charutos e os filhos juntavam as cinzas para fazer pinturas rupestres na parede do corredor. A sociedade estava consciente do caos que o presente poderia trazer a arte e resolveu chamar o mago esquimó para utilizar sua tinta para presente. Ele só aceitou ir se esfriassem a cidade na temperatura de menos vinte graus célsius. Estavam na primavera e esta estação tinha um amanhecer bem fresquinho, quem sabe se o governo não colaborasse com aquela cidadezinha de pessoas sorridentes e saudáveis. O governo tinha tantos projetos fantásticos. Eles decidiram aquecer o planeta, desmatar todas as florestas, parar com as correntes marítimas para conseguir o resfriamento daquela região. Isso foi feito com tanto esforço e colaboração de todos que aquele país recebeu um premio da ONU pela união de um povo em torno de uma boa causa.
O mago esquimó chegou na sala e olhou para o presente. Algo precisava ser feito e as televisões estavam ligadas ao acontecimento. O bebê estava nascendo, não havia tempo para chegar ao hospital, a mãe deitou-se na mesa e gritou, gritou muito. O bebê nascera bem, o mago chegou perto da mesa ensanguentada, passou o dedo no sangue, experimentou um pouco e pegou um pincel. Seu povo nunca mais acreditou em sua magia.

quarta-feira, novembro 14, 2007

People Like Us



De agora em diante resolvo por como trilha sonora para o meu blog os sons bizarros de Vicki Bennett. É um projeto chamado People like us; me agradou por demais, acho que tem tudo a ver com "Cabeça vazia ou um vaso de flor". Espero que os leitores, se é que eles existem, gostem.

domingo, novembro 11, 2007

Pássaros ou bestas!(parte 2)


Passarinhos pequenos e grandes, cantando bem cedinho. Seja para marcar território ou reproduzir-se, como foi dito para mim. Uma sujeirinha já vale a pena, um nó também. Sei que existem olhos que me avaliam, há em todo lugar, quanto mais passa o tempo eu percebo que menos tempo eu tenho para acertar. Quanto mais passa o tempo menos tempo eu tenho. Por isso eu acabo por aqui, o tempo está passando!

quinta-feira, novembro 01, 2007

Isso aqui não existe

Um pingo d'água caiu-lhe no rosto, parou e olhou para o céu preocupada com as nuvens, havia ainda quinze minutos de caminhada. Ela pensava: "isto não importa", tentava convencer-se, as palavras repetiam na cabeça "não importa, não importa" e quanto mais repetiam o seu coração disparava. Desabou a chuva, com trovões e relâmpagos, o seu cabelo desmanchava, sua jaqueta jeans branca encharcava. O dia de trabalho não havia começado, as pessoas esperavam por ela e ela não estava bonita. Estava molhada, com frio e atrasada. A sua autoreprovação era gigante, um rosto sério,pronta para cair junto com tudo que havia de pesado. Não existia nenhuma pessoa amigável na volta e se alguém risse, ela iria abrir a boca. As águas continuavam deslizando no seu rosto, seu segundo banho do dia não havia esperado até a noite. Ela continuava em direção ao trabalho, "será que volto?","será que chego lá ,peço para voltar e trocar de roupa?", "Desse jeito ficarei de cama", "porque isso aconteceu comigo?", "é sempre assim desde criança...", a cabeça pesava para frente, um rosto pensativo, um olhar concentrado no seu interior, todos os pensamentos a levavam ao seu fracasso inevitável. "Porque fizeram isso comigo?", começava a reduzir a velocidade do passo, "é...é sempre assim". Chegou no trabalho.
O homem olhou para ela, viu seu estado. "Oi, cuidado para não molhar o carpete.", a moça continuava de cabeça baixa, "Vai para o banheiro se secar, está atrasada.". As outras pessoas trabalhavam em silêncio, ninguém se voltava para ela, estava molhada, fria e feia. Se alguém lhe desse um sorriso, lhe oferecesse um café seria o anjo do dia. Ninguém fez isso, ainda estava muito cedo para isso acontecer, o intervalo ainda não havia chegado e a cena ainda estava marcada nas cabecinhas. Como já havia previsto, começou a espirrar, pensou um pouco e pegou o café que tanto queria. Tomou com gosto e dele retirava toda a força para mandar aquilo tudo para o espaço. Iria demitir-se? Óbvio que não, ela notou a ignorãncia do mundo, o modo que as pessoas reagiam para aqueles que esperam um anjo lhe oferecer café. Ela sabia que ninguém tinha nada a ver com aquilo, cada um no seu papel, entristeceu sozinha, agora se esforçava para desintristecer. Retirou a jaqueta encharcada e agradeceu por aquela sala não estar fria. Nem tudo estava perdido.
Olhava compenetrada para o computador e não estava interessada em comunicar-se com ninguém, não existia anjos por ali, eram pessoas que iriam voltar-se para conversar com ela quando o seu humor estivesse bom, quando sua cabeça não estivesse baixa. Se eles fingissem ser criaturas angelicais seria motivo para desconfiar. Aquilo ali é trabalho, eles conversavam entre eles, mas ela não possuia o mesmo comportamento. Tinha que fazer o que era preciso ser feito e pronto. Ficar conversando só para fazer uma de sociável, não precisava disso, tinha a sua amiga de melhores momentos e sempre conversava com ela pelo msn. "Eu posso sozinha, já existe pessoas que me amam, o resto que se vire com seus problemas e suas vidas".
Um colega de trabalho seu se aproximava, hora do intervalo, ela olhou séria para ele, as palavras do rapaz eram para agradá-la, ele sabia que muitas vezes ela tinha dado risadas com ele por causa de suas palavras, mas hoje parece que aquele poder que ele tinha sobre ela não estava funcionando. Ele era uma pessoa comunicativa e simpática, não era como ela, quieta e desengonçada. Ela já havia falado sobre suas preocupações e medos em relação ao trabaho e a vida com ele. Ele, por sua vez mostrava-se sempre resolvido e de bem com a vida, a propaganda é a arte do negócio. Desistiu, hoje não era o dia, mas iria tentar novamente em outro momento, ela iria se abrir novamente.
"Será que sou louca?", o tempo voou, a chuva cessava, e um chá com bolachas era servido por uma mulher da faxina que havia simpatizado com ela, "quando eu endureço e me decepciono com os outros, as pessoas se aproximam com a intenção de me iludir novamente", "este sobe e desce... é apanhar para receber carinho".

sábado, outubro 06, 2007

Dando um tempo para a "cabeça..." !


Vou dar férias para o ambiente virtual. Continuarei escrevendo em meu caderno verde, encostado numa árvore ao som dos pássaros. A previsão de retorno é de janeiro de 2008, continuarei lendo e comentando no blog de todos. Agradeço aqueles que participaram com seus comentários ou leituras silenciosas. Abraços do Wagner!

terça-feira, outubro 02, 2007

1985!


Em 1985 eu nasci e tudo sempre esteve calmo. Sempre estou sendo posto na imagem do cara tranquilo ou devagar. "Devagar não, e sim profundo" eis o que um dia um senhor havia falado para minha mãe quando me viu pela primeira vez. Não sou em nenhum momento um poço de tranquilidade e nem um pouco lento para conseguir chegar a diversas conclusões. Me deixo levar para manter amizades e relacionamentos, mas pode ter certeza que em todo o momento estou olhando para muito mais longe do que aquilo que digo, finjo para não ser neurótico, mas agora, acimo de tudo quero que olhem para mim sem vontade de jogar. Vou Explodir com todos se for possível. Não vou querer aparências e nem amizades por casualidade, se quiser me amar tudo bem! Não vou cobrar barato, pois não sou um nome para ficar estampado na sua camisa.

sábado, setembro 29, 2007

Mergulhando

Aquelas palavras sendo soltas sem eu ver, já não tinha mais o controle. Algo aconteceu, eu me via caindo para o fundo, o mais escuro possível. Tive sonhos e isso poderia ser bom. Um oceano em meu peito, dando umas nadadas para ver o que acontece. Indo de cabeça, nadando naquela água escura e chegando até o fundo azul tateando-o com as mãos, subindo para continuar vivo e olhando o azul do céu. Segurando o ar o máximo de tempo possível, eu quero superar alguma coisa. Olhando o azul de fora e tocando no que se encontra nas profundezas da piscina. Eu tento ir mais rápido, só que me canso e acabo perdendo o fôlego. Perco o ritmo e acabo parando, pois não consigo dar continuidade. Já tentei nadar com leveza e suavidade, o sol derramava num mergulho infinito, eu consegui fazer o que aqueles narizes não tiveram a chance. Eles estavam farejando histórias para datilografarem em suas linguas e distribuirem em suas manchetes escrotas. A água continua escura, mas há um efeito relaxante, somente quando estou sozinho, em silêncio. Eu divido certos momentos e isso gera dois caminhos. Não vou explicá-los, neste momento apareceu..."por favor entre e tome um chá, não se incomode com alguma coisa que eu disser, eu tenho muitas idéias a seu respeito e acho que você já estava andando por aí antes de eu te conhecer, acho que você já possue um conhecimento prévio sobre a situação, terá informantes, amigos ocultos, forças da natureza ou simplesmente brincadeirinhas de sabotagem?". Um comentário sobre assuntos corriqueiros, " se um dia quando cansarem de mentir...vocês sabem, podem vir!". Já levei o castigo, eu tenho algumas marcas comigo, o oceano cabe dentro de uma piscina, mas continua sendo um oceano, com areia de praia e sol no horizonte. Sozinho, mas se quiser aparecer..."por favor entre, tome um chá..."

segunda-feira, setembro 24, 2007

Enchente


Hoje de manhã, bem cedinho, mandei uma mensagem para a guria e ela disse que estava dentro d'água. Não havia entendido aquilo, pensei que ela estivesse tomando banho, algo do tipo, mas não era isso. Quando cheguei na cidade eu vi aquela água espalhada por todos os lados, enchi a minha boca de palavrões e fui soltando um por vez. A água está chegando na minha casa e a única coisa que posso fazer é olhar. Tá faltando a prancha de isopor!

terça-feira, setembro 18, 2007

Muito mais além daqui!

Quando eu era bem pequeno, mas bem pequeno mesmo, um pouquinho maior que meu dedão. Ficava quase parelho com o Pequeno Polegar. Nesta época, a minha vó contava uma história para dormir. Era sempre a mesma, a "Festa no céu", a tartaruga que se esborrachava no chão. Eu me imaginava naquele lugar, tomando ponche junto dos outros bichos em cima das nuvens, voando nas costas da cegonha e se escondendo no violão de algum dos animais. Um desenho de livro antigo, com aquele cheiro de velho e um abraço num blusão de lã. Eu dormia suave...
Houve uma vez em que eu resolvi contar uma história também, decidi contar a minha história. Na minha história havia um labirinto e lá eu me achava e me perdia. Havia o tal do minotauro. Ele não podia me alcançar. Tudo começava com uma planta que nascia e uma criança que berrava. A aventura era muito séria e precisava de um objetivo muito forte, metafísico, além das riquezas tão comuns em histórias infantis. Eu me perdia em meus pensamentos e nunca terminava a história. Não sei se um dia consegui sair do labirinto, se o minotauro conseguiu me alcançar ou se me esborrachei no chão como a tartaruga.
Um dia, eu e um amigo meu vestimos asas de cartolina e tentamos voar, queríamos chegar naquelas nuvens. Tínhamos cinco anos, o que sabíamos? Eu já corri muitas vezes tentando chegar lá, olhava bem para o alto e fechava os olhos quando me sentia muito eufórico, pensando que talvez fosse esta a mágica que me transportaria para o fantástico, continuava correndo e nunca me decepcionava, faltava só um pouquinho, eu sabia. Nunca duvidei das propagandas do Toddy, sempre fiquei na espera de viajar no mundo de chocolate.
Nos lugares escuros sempre havia uma surpresa, uma pequena caverna na palma das minhas mãos, fazia eu viajar no tempo, conseguia sair do almoço e voltar para o sábado de manhã, em minha cama, naquele sono cansado de dormir. Quando isso não acontecia eu perdia a fila para se servir da maravilhosa comida feita com toda a aspereza das cozinheiras. Um homenzinho dormia nestes cantos escuros, ele sempre estava cansado, tinha sempre uma grande aventura para contar, mas primeiro precisava dormir. O dia tinha sido muito longo, a vida era muito longa e era preciso dormir. Eu dormia junto com ele, para lhe fazer companhia. Nunca me contou suas histórias, mas imagino que tenham sido grandiosas, nunca mais o vi.

domingo, setembro 16, 2007

Take a walk!

Eu já não tenho mais nome, retiraram ele da minha pele quando eu estava dormindo. Agora de noite há um fogo queimando perto dos carros, eu não consigo me identificar com ninguém. Um colchão velho abandonado em um terreno baldio. Faço minha cama e peço para me esquecerem por um tempo. Surge um dia claro e cinza, um cachorro abre um lixo com os dentes, eu olho para as famílias de classe média e percebo que elas têm mais medo do que eu. Um dia irei precisar delas, seja para esmolar, seja para qualquer coisa... Elas terão que colaborar. Continuo caminhando. Chego ao centro: carros, juventude confusa, velhice conformada, dia da feirinha, é tão fácil ler aqueles rostos. A água quer entrar dentro do meu corpo, matar a sede de um dia cinza, necessidades em um dia cinza. Não me sinto bem. O centro está longe, um caminho de terra, muito verde em volta, um homem passa com um boi. Já não há mais nada, aquela estrada continua, um buraco branco com um circulo azul esverdeado na volta divide a estrada, ele está num ângulo de 90 graus ao chão. Muitos pássaros saem de dentro, mas penso comigo "eles estavam dentro do que?", "dentro de um buraco seu idiota!". Meto a cabeça dentro desta coisa incomum no meio da estrada e vejo o lado de fora. Não consigo saber se estou saindo ou entrando. Talvez eu esteja saindo de uma coisa e entrando em outra, depois de muito esforço consigo chegar a essa conclusão. Não sei o que esse buraco significa e não tenho nenhuma explicação ou teoria para isso. Eu olho para ele, e não sei por que, mas me deu vontade de dizer: "eu te respeito, continue existindo e fazendo sua parte, eu prometo que irei viver minha vida". Nada acontece, passo pelo lado dele e continuo caminhando, chego perto de algumas casas abandonadas e vejo alguns caras de óculos escuros atirando em alguém que está com as mãos amarradas. Eu paro e penso naquela coisa no meio da estrada e depois sigo tranquilo. Em uma das casas de madeira, tem uma mulher dando a luz, ela grita bem alto, eu nunca tinha visto isso, mas não quero chegar perto para não incomodar. Há um riacho poluído ali perto, vou dar uma descansada ali, meus olhos pesam, não sei se um dia irei acordar.

sábado, setembro 15, 2007

No ar


E lá estava eu novamente, olhando aquela cena se repetir, um beijo jogado no ar. Solto de seus lábios e flutuando sem rumo, atirado para as moscas ou para mim? Que diferença isso faz. Sei que irei tentar capturá-lo, em vão, nas ruas estreitas, entre os espinhos, no mar do absurdo, contra a correnteza das opiniões, no mundo dos ridículos e finalmente no beco dos otários. Se conseguir tal façanha, pouco tempo irá permanecer comigo, um beijo tão volátil como este que flutua por aí é o ópio dos descuidados e pouco racionais. Conseguindo ou não, a frustração continua sendo o resultado final. Posso estar completamente enganado, e pular feito uma pulga buscando as migalhas de alegria até chegar ao produto final, prometido pelos sábios e conhecido somente por santos.

Letra da música "Nitemare Hippy Girl":

ELA É UMA HIPPIE DE DAR PESADELOS

Ela me arrebatou com decepção
fui sugado pra dentro de seu apartamento
ela tem flores secas, pele em flocos
um colar de miçangas e uma garrafa de gin

ela é uma garota hippy de dar pesadelos
com seus dedos magrelos tocando meu mundo
ela tem uma beleza estranha e trágica
tímida e um pouco mal-humorada

é uma nova era despejada em minha cara
ela é espaçosa e não sobra mais espaçco
ela tem maconha no azulejo do banheiro
me encontro numa virada, ela está mudando meu estilo

ela é uma garota hippy de dar pesadelos
com seus dedos magrelos tocando meu mundo
ela tem uma beleza estranha e trágica
travada e um pouco esnobe


oh, oh, oh, oh, oh, oh

ela é uma atração estranha e brilhante
ela é um arco-íris enforcando a brisa
ela se espalha no cenário
com poesia falsa de pesadelo
ela é um abacate derretido na prateleira
ela é a ciência de si mesma
ela está se transportando a um nível cósmico
e está meditando com o diabo
ela cozinha salada para o café
ela tem tofu do tamanho do texas
ela é testemunha de sua própria glória
ela é uma história sem fim
ela é uma depressão alegre
ela é uma obsessão auto-inflingida
ela tem mil maridos solitários
ela está seduzindo em outra dimensão

segunda-feira, setembro 10, 2007


Bola para frente, dessa vez eu não volto atrás e não vou ter nenhuma recaída.

sábado, setembro 08, 2007

Transfusão

O guru:
O professor leu minha alma, sem frescura. Ele sabe o que eu sinto por ela, ele sabe sobre aquilo que eu não digo. E eu não faço nada, deixo ele se virar, que babaca que eu sou. Ele é meu melhor amigo e eu o ignoro. Ele tem tudo para oferecer e eu flutuo de maneira imbecil. Eu estou muito longe de ser...eu sei, eu vi folhas caírem em cima dele e não fiz nada. Estava machucado e precisava de ajuda. O que estou fazendo aqui? Para que eu o escuto? Não o cumprimento direito e quero sua atenção. Eu não sou obrigado a nada, mas isso não é nada animador, pois eu quero me esforçar mais.
A moça:
Eu vou esperar até explodir e eu sei que vou explodir. Explodir como? Não sei, mas não será de raiva. Mais uma vez, uma despedida suave, uma tarde suave e um sol cruel. Aquele beijo no ar que ela deixou, porque faz isso comigo?Por que eu não quero te largar na despedida? Me conformo com tudo e penso nas criancinhas da Africa. Tento sorrir novamente, minha boca despenca. Tudo pela sua companhia.

segunda-feira, setembro 03, 2007

Iguana

A minha cabeça estava vazia(grande novidade!), eu precisava lembrar, eu tinha o compromisso, a contagem regressiva para o momento esperado estava sendo feita, não deixava esquecer. Tive que ir ao médico, contei sobre o meu problema e ele me receitou um remédio. Ele olhava para mim, mas não me prometia muita coisa:
- Acho que isso pode te ajudar meu jovem, não tome muito se não dá panca. Não quero saber de cliente meu sequelado.
- Aham, tudo bem então, muito obrigado! Poderia me dizer que panca que dá?
- Curioso né? Pois não vou dizer! E trate de regular na dosagem!
Saindo de lá fui ná farmácia:
- Vocês têm Propivanalol?
- Propivanalol? Deixa eu ver...espera só um momentinho...temos só o genérico.
- E é bom?
- Contém a mesma composição "primas lembratu".
- Esse remédio dá panca né?
A mulher olhou para mim desconfiada:
- Porque tu quer saber?
- O médico que me receitou comentou sobre isso.
- Olha, eu não vou vender remédio pra guri que quer sair fora do ar.
- Eu não quero sair fora do ar, só quero saber que panca é essa que esse remédio dá?
- Escute bem, se tu tomar conforme a indicação não vai te acontecer nada a mais do que precisa acontecer, não se preocupe.
Desisti de buscar alguma informação com a dona da farmácia, fui para casa e tomei um comprimido do remédio. Me deu uma vontade de sentar e relaxar, adormeci.
Quando eu percebi estava acontecendo, eu estava vendo todos na piscina, ela ria e fazia todos rirem, a mais palhaça e alegre criatura que já havia visto na minha vida, ela dançava, soltava piadas sobre todas as pessoas, sempre ativa. Colada em sua mãe, ela se mostrava criança. Eu ria tanto, mas de um jeito muito suave, me sentia muito bem e gostava da presença deste ser. Duas horas depois havia acordado, um sonho tão bom, será que era esse o efeito que tinha que dar? Bem, já estava inspirado para escrever alguma coisa, acho que já dava para fazer uma introdução ao texto prometido. Depois de duas linhas pensei em tomar de novo o remédinho, a receita era de tomar após duas linhas escritas(no mínimo), é eu já havia escrito duas linhas já podia tomar de novo. Sentei relaxei e adormeci. Pá!! Um barulho na cozinha, era ela tentando abrir a lata de leite condensado com os dentes!! Peguei um abridor de lata e a ajudei, gostava muito de doce, ela sorria para mim, fiquei pensando em como eu estava interagindo com ela. Depois da distração, ouvi um barulho de piano, lá estava a criaturinha se divertindo, ela queria me ensinar a tocar mas eu não tinha paciência. Ela disse que eu tinha potêncial, pensei em ler a bula do remédio para ver se elogios era algo comum de acontecer. Sim , era normal, depois disso acabei acordando. Não queria ter acordado, queria continuar ali, rindo, me divertindo, que companhia agradável que era este ser fantástico. Escrevi duas linhas rapidamente e engoli a seco mais um comprimido. Caí no chão, no momento que me levantei a minha sala estava toda modificada, com um belo estilo, ela olhava para mim, estava mais crescida e muito bonita. Ela olhou no fundo dos meus olhos e disse;
- Se lembra de mim?
- Claro, te vi nas outras duas vezes, você era ativa, dançava bastante, sempre gostou muito de doce. Tu é muito simpática com todo mundo, toca muito bem piano, claro que me lembro de você! Você é uma pessoa muito legal.
- Tá faltando coisa aí, você não está bem lembrado de mim.
- E o que falta lembrar?
Abri os olhos justo na hora em que iria saber o que faltava lembrar, estava tão curioso que tomei dois comprimidos sem antes escrever uma linha sequer. Dessa vez eu não apaguei, mas a realidade se distorcia, eu via mil Ivanas na minha frente de todas as idades, correndo, dançando, comendo, tocando piano, vendo tv, brincando com os cachorros, conversando com os amigos, brincando com sua irmã, colada em sua mãe, falando bobagem com seu pai, falando gracinhas com os familiares, chorando nos momentos tristes,morrendo de medo nos filmes de terror e depois indo dormir com sua irmã, sim, ela era minha prima. Eu estava lembrando dela, ela era minha prima! Mas não sabia dizer o que faltava, havia acontecido tanta coisa. Eu estava chorando, eu havia me lembrado de muitos fatos, mas não sabia por no papel. O que faltava lembrar? Eu já não sabia mais. O telefone tocou, o médico estava na linha:
- Andou exagerando né?
- Pois é... o que eu faço?
- Não faz nada ué? Agora você para, a tua cabeça deve estar confusa.
Resolvi parar, ele me disse que é comum as pessoas criarem dependências emocionais muito fortes, hoje estou participando de um grupo anônimo, mas sou considerado um caso suave comparado a outros. Hoje em dia consigo aceitar uma dosagem regulada trimestral, mas sou uma pessoa feliz e adoro cada vez mais(de maneira saudável), minha prima querida!

Se esse texto lembrar qualquer outra coisa, pode ter certeza que tem a ver, estou aberto a todas influências!

domingo, agosto 26, 2007

Nublado

E eu tocava aquela música:
Os olhos...
Observam alguém passar por cima...
dos cacos de vidro...
esparramados no chão! Em cima de mim...
O sol de chapéu quente... Fazendo soar algumas migalhas de pão!

Os nossos corações são tão desvairados, soam como aquelas canções que espôs na parede. A minha gorjeta é como um tapa na boca, pá! Aprenda a me ver do jeito que eu sou...

Um dia eu espero descansar meus olhos em cima dos teus, ter um pouco do seu amor e depois um adeus. Claro que isso é normal de se acontecer, que este tempo não seja tão curto e nem tão looongo.

Terminando de tocar a música, eu tocava outras e ficava pensando em coisas da vida, pensar demais não é legal, mas em um dia de chuva ou em um momento de lazer eu me dou a esses passatempos, até parece, se bobear eu fico 24 horas assim, mas me esforço em me manter centrado nos deveres durante o dia. Com essa rotina eu consigo ficar bem, a melancolia acho que é uma característica de quem fica olhando para a vida e para as coisas grandes e pequenas. Depois de um pensamento e outro toco mais uma música:

Velório

Não, não pense que vou sorrir, não pense que eu vou chorar,
Eu não estarei mais lá

A minha volta os anjos estão cantando, lá do alto as estrelas me iluminando,
O mundo inteiro para só pra me assistir... sem piscar!
Tudo é intenso, tudo é emocionante,
alguns pensam pequeno e outros pensam grande
Nada disso importa para quem não está mais aqui para jogar

Não, não pense que eu vou sorrir, não pense que eu vou chorar,
Eu não estarei mais lá
Eu não estarei mais lá

segunda-feira, agosto 20, 2007

Lista de espera

Por onde começar? Eu perdi minha pasta cinza na sexta-feira, uma pasta com folhas e um livro que havia comprado no mesmo dia. Não sei se foi na faculdade ou no ônibus. Deixei o fim de semana passar e segunda-feira, entrei em contato com a Universidade, falei por telefone com o achados e perdidos e depois com o centro 1(local onde tive aula na sexta-feira), nenhum dos dois havia encontrado pasta alguma. Pensei que talvez eu não tivesse sido bem claro por telefone, então fui pessoalmente na Unisinos procurar e entrar em contato com as pessoas, talvez fosse ajudar. Porém a resposta foi a mesma, não haviam encontrado nada. Decidi ir na livraria cultural e lá a resposta também foi negativa. Pensei em entrar em contato com a Central, falei com os motoristas e eles me deram um número para falar com o Lisandro, pessoa responsável pelo setor de objetos perdidos. Estava preocupado pois isso era um empecilho para os meus estudos, todas as minhas anotações estavam naquela pasta. Estava conseguindo lidar tranquilamente com o assunto, a única coisa que faltava a fazer era ligar para o Lisandro. A moça atendeu: "Central, boa tarde.", "Boa tarde, gostaria de falar com o Lisandro.", " Espere um momento."- depois de ouvir a música de espera, a ligação volta para a moça- "Alô central, é com o Lisandro? Espere um momento.". A ligação voltou novamente para a moça e falei com ela sobre a pasta e pedi para que ela me ligasse qualquer coisa. Foi o que pude fazer, havia planejado ligar novamente, mas o papel havia sumido, a única coisa que me restava era esperar. Durante esses acontecimentos eu treinava a minha pronúncia e tentava controlar a minha ansiedade, procurando evitar caminhos de pensamentos viciados. Voltei a tomar banho frio também, foi muito bom, o meu corpo acordou e agradeceu. Acordar cedo já não era tão difícil e havia coisas tão belas para se distrair. Não havia um plano certo em relação as aulas, mas estava tentando anotar tudo o que fosse possível para não me perder. Vi um filme, era tarefa extra classe, um trabalho muito exaustivo e novamente a aula de sexta estava livre para assuntos metafísicos. Tudo estava tranqüilo, sabia que se agisse de uma maneira a situação iria responder de outra, sendo assim, fui jogando. Uma ducha fria e um sorriso no espelho era o que eu queria, fazendo tudo bem devagarzinho, como se provocasse os contras que apareciam. Ouvi críticas, "deveria ter chegado mais cedo", mas não dei bola. Aquele dia nublado queria me derrubar a todo custo, vestiu calças, duas facas e dois rostos, tirou minha carteira e meu dinheiro, o meu cadarço havia arrebentado. Com dinheiro emprestado, eu voltei para casa. Não deitei na cama e nem lamentei nada. Dei algumas caminhadas para resolver o assunto, logo vi que não era possível fazer nada, então esperei. Outro dia, outra vida, um telefonema e automaticamente meu sistema imunológico sofre uma alteração extrema, dores de cabeça e dores no corpo aparecem caio na cama e sonho: Homens casados possuem campainhas na cabeça, há uma ilha cheia de animais, muita coisa e pouca memória. Dez horas da manhã acordo e tudo volta ao normal. Novamente o banho frio e a felicidade instantânea.

segunda-feira, agosto 13, 2007

Corra e não olhe para trás!

O tórax estava todo aberto, aconteceu no domingo de noite, por onde eu andava havia um rastro do meu sangue, agora qualquer coisa podia me derrubar, um pensamento era o suficiente, uma lembrança amarga estava ansiosa para desfrutar-se da situação. Recebia lambidas desesperadas, havia a esperança de curar a ferida. Um rombo no peito não vai ser curado com lambidas, eu sabia que era em vão, mas deixei que continuasse, sei que devo valorizar aqueles que querem cuidar de mim. Na segunda, eu estava completamente debilitado, mas mesmo assim eu insisti em ir embora, peguei o ônibus e me afundei no banco. Ninguém percebeu nada, eu sorria e "dançava ao rítimo da música". Evitei de olhar a ferida, estava muito feia, não quis toca-la também. Sabia que se agisse assim tudo iria ser resolvido. Na terça feira, o plano de "evite olhar" estava dando certo, até que qualquer coisa, não me lembro bem o que, aconteceu. Havia um buraco na cama e lá eu ficava, não aguentei e fiquei observando o estrago, dava umas cutucadas para ver se poderia doer mais, realmente a dor era infinitamente maior. Continuei dançando e sorrindo, o plano empoeirado continuou cheio de pó e os livros estavam a me esperar, mas já não gritavam mais o meu nome. Quinta feira aconteceu e a previsão de melhora superficial estava surgindo, não havia mais nozes, castanha do pará, amendoas, como eu queria um banho frio! Porém temia cair de vez e não levantar nunca mais. Treinei a pronúncia, cancelei o compromisso e tentei cumprir outros que surgiam na velocidade da luz. Rastejando no frio eu fui cumprindo os deveres e a cada minuto de distração eu olhava para ver se já havia cicatrizado, o rombo não diminuia, tocava de leve e as vezes com força para ver se eu me acostumava com a dor. A ansiedade continuava ali, agora ela gargalhava, dava conselhos podres e me fazia imaginar tudo em completo descontrole. Atirei- me em uma das camas de algum dos lugares em que fico, antes tive que ter uma conversa profunda e dolorosa, já esperava por isso, mas não queria ouvir ninguém, só queria esquecer. Novamente o sábado, dessa vez eu havia sentido bem forte em mim, eu nunca quis o sol tão intensamente na minha vida como naquele dia, no fim da tarde, e basicamente foi esse sol(acho que o filme "Blade Runner" também ajudou) que foi cicatrizando lentamente aquilo que eu já estava a me acostumar. Domingo tranquilo e nostálgico, revendo e seguindo adiante, eu perguntava para mim: Cade? Aonde está aquela ferida? Estou rindo de verdade! Para terminar o dia, um filme de terror e teorias para se resolver problemas impossíveis de serem resolvidos.

quinta-feira, agosto 09, 2007

Hareeeeee!

Segunda-feira havia iniciado, não sei bem que horas acordei, mas ultimamente ando meio relaxado. Para quem acordava 5:30 a coisa tá séria. A minha cabeça e o meu peito fazem preferências e exigem atenção para alguns assuntos e acabam rejeitando os meus interesses, que egoístas!! Continuando... a semana foi passando em contagotas, junto de uma ansiedade que alterava os meus nervos. Não muito distante da segunda, na terça, o controle emocional se escondeu em algum lugar, a vontade de desistir de tudo era forte. Eu lia um livro que me deixava tranquilo, mas quando o peito distorce a visão as palavras perdem o sentido. Na quarta feira de manhã parecia que estava tudo amenizado, as coisas estavam fluindo e eu já havia pegado um ônibus e outro. Sentir-se viajante é legal, indo de um lado para outro, pegando vários ônibus, trensurbs, táxis e caminhadas, em um dia dormes ali outro dia lá, os rostos mudam e tu sabes que sempre tem alguém te esperando em algum lugar, mesmo sem saber quem. Quarta-feira a tarde, um vazio no apartamento gelado, o silêncio e o abandono, quis limpar alguma coisa, mas logo desanimei. Sai do ap, dei uma volta pela cidade e não me sentia tão a vontade, pois não tinha idéia do que fazer, à noite as coisas melhoraram e logo o tédio dissolveu-se, mas o pensamento ficou( e se eu morasse ali?). Quinta feira, mais um ônibus para capital, mas para quê gastar com um direto? Peguei um pinga até uma outra cidade e dali o trensurb, eu gosto mais desse jeito e não estou jogando grana fora. Recuperei minha identidade e agora estava pronto para prosseguir em planos empoeirados, antes de ir embora eu procurei ver a possibilidade do dia seguinte voltar e dormir por lá, não houve problemas. Quinta feira a noite foi tranquila, um cheirinho de novo da década de 60. A rotina voltou, um novo semestre. Sexta-feira, era o dia que eu iria matar aula, não é do meu costume(nos últimos anos) fazer isso, mas era para um bem metafísico. Encontrava as pessoas no qual fiquei pensando a semana inteira, gastando com cartões de orelhão, saldo de celular, dúvidas e tudo o mais, mas não foi bem assim. Novamente o prazer dos transportes e a corrida contra o tempo, dessa vez tive que pegar um direto para a capital, não fiquei chateado, pois eu iria caminhar bastante por lá. Carregando a térmica comunitária seguia em direção a casa onde iria dormir, a mochila avisa: estou começando a estragar! Uma ligação e tudo certo, me despedia e iria de encontro das pessoas que quis estar perto. Me senti muito bem e o meu peito pegava fogo, a ansiedade continuava. Eu pensava comigo: poxa, cheguei aqui, fiz aquilo que queria fazer, porque isso tem que continuar? Sábado de manhã o peito ardia e a minha pronúncia estava completamente errada. Eu havia sonhado com isso uns meses atrás, dois gurus estavam a corrigir minha pronúncia(no sonho). Fiquei ensaiando, tentando acertar, difícil, as pessoas chegaram e o curso iniciava. A mente esclarece, mas o peito em chamas. Tarde de sábado chuvosa, meu estômago enjoado, maldito biscoito de ricota! Relacionamentos são complicados e um carinho de quem se gosta é difícil de se conseguir! Depois de pegar chuva e da viagem de retorno, só queria dormir. Dormi uma eternidade, e domingo apareceu, o sol se pôs lá no alto e me chamou aos berros. Eu tinha um trevo de quatro folhas na mão e uma dinamite no peito.

segunda-feira, agosto 06, 2007

Voltando para casa

Quantas dificuldades! Poxa! Gostaria de ser vítima das situações, ou pelo menos voltar a ter essa mentalidade. É chato quando a gente se toca que é responsável pelas coisas que acontecem, principalmente quando a situação não está a nosso favor. Eu conversei com uma pessoa que,desde o dia que eu conheci ela, nunca falou alguma coisa ruim na qual foi reponsável por ter acontecido, estranho isso né? Os fatos que acontecem sempre envolvem terceiros e quartos que são os responsáveis pelas coisas que ocorrem. Falta de maturidade? Ego inflamado? Sei lá! Não vou apontar o dedo! Talvez a pessoa seja super consciente das ações, mas não demonstra para não ficarem metendo o bedelho! Neste caso eu estaria dando uma de metido falando do comportamento alheio, com certeza isso fecha comigo também. As coisas estão tão distorcidas que não dá vontade de levantar da cama, muito menos pensar.

segunda-feira, julho 30, 2007

Coisas antigas (olhei meus escritos e deu vontade de postar)


Parado em um canto de seu quarto, Otávio( foi assim que ele quis ser chamado) estava. Olhava para aquele canto escuro, deixava a porta do recinto semi aberta para ser possível enxergar alguma coisa, não deixava muito aberta, só um pouquinho. Podia ver seus objetos de infância jogados ali por anos, ele nunca se incomodou em deixá-los ali, era normal, pois não tinha nenhuma raiva da época em que era criança. Os livros que tinha, preenchiam um armário que ia até o chão, não havia dúvidas, ele iria os ler um dia. Ninguém nunca o entendeu, mas havia épocas em que ele gostava de fazer esse tipo de coisa, deixava a luz do corredor acesa e ia para o seu quarto observar os objetos. Seus pensamentos voavam, pessoas, momentos, idéias, sentimentos, confusões, fantasias, etc. Era o momento da explosão! Partículas de pensamentos desprendiam- se de seu corpo e flutuavam no escuro, Otávio observava com um silêncio profundo,não tinha conhecimento do que via, pois seu pensamento o distraía. Ele sentia que estava fazendo algo grandioso e desejava que alguém soubesse disso, ele não iria dizer, pois dizendo em palavras ele destruiria um universo e não era o tipo de coisa que dava para fazer com mais pessoas, tinha que ser único. Assim se mantia o silêncio, Otávio completava 14 anos.

Coisas antigas(olhei uma foto e viajei para outro lugar)

Todos os jovens tem asas de papelão

Olhe o glamour, quanta coisa bela! Aliás qualquer coisa pode ser bela, se tiver o tal glamour. Se você comer merda fazendo biquinho é bem capaz das pessoas que estiverem na sua volta fazerem o mesmo. E aí está a verdade, o que queremos aparentar, a quem queremos enganar. Eu acho que este tipo de coisa acontece com todo mundo, e por isso se torna extremamente comum e necessário. Talvez seja por isso que hoje podemos julgar pelo que vêmos a maioria das pessoas que conhecemos. Não há mais aprofundamento sobre nada, pois não precisamos nos aprofundar tudo está tão óbvio, só não enxerga quem não quer.
Podíamos nos calar em vez de tagarelar, talvez descobrir novamente as pequenas coisas da vida, tentar buscar o sentimento de realização simplesmente por estar numa manhã de sábado ensolarada. Eu sei que isto para muitas pessoas não é nada glamouroso, talvez seja tranquilo demais fazer um passeio pelo campo, ir para a serra e todas estas coisas. Eu sei que estas coisas sobre qual eu estou falando não funcionam a todo momento, até porque acho que não existe um ideal, mas sim um equilíbrio de coisas que fazemos e lugares que frequentamos. Considero isto uma busca natural para um equilíbrio interno. Não acho que devo ser alguma coisa e ter o compromisso de seguir até o fim se aquilo não é do meu agrado. Não estou dizendo que se deve desistir e deixar as coisas inacabadas, somente acho que não devemos nos sentir obrigados a fazer alguma coisa por influências externas. É preciso um pouco de clareza de pensamento para compreender que suas escolhas são suas, e claro, afetará a quem estiver em sua volta. E se você tiver um pouquinho de consciênscia saberá quais são as escolhas que realmente deve fazer. E como julgar a sua escolha e dizer que é errada? Ninguém pode fazer isso, nem mesmo você.Meu pensamento voa e ás vezes eu perco o rumo.

sexta-feira, julho 27, 2007

Acontecimento doido(beat)

Eu tenho um amigo que tem uma amiga, ele diz que gosta dela, mas ela não está nem aí. Quando ela fecha a porta, ela fica rindo, ele sai sorrindo como se fosse um campeão. Eu escutei que amanhã eles vão se falar lá na sorveteria, ele sabe que ela vai rir de novo e lhe oferece um napolitano bem gelado. Essas coisas nunca vão funcionar. Ele volta para os braços de sua família. Sua irmã fala que a vida é assim, e seu cunhado quer umas moedas para o cinema. Essas coisas nunca vão funcionar. Eu corro para a rua.
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O que é importante de se observar? Eu acho q é importante olhar as estrelas, mas meu cachorro diz que não sabe, ele fica a babar. Estou caminhando pelo seus lugares, me sinto a vontade e penso que sou você. Sei que não gosta e é capaz de chorar. Fiz um desenho bem colorido sobre o azul do céu, queria que você o explicasse para mim. Não se amole com aqueles caras, eles vão rir até chorarem. Um dia eu estarei dentro daquele avião e poderemos rir de todos. Tudo que é pequeno, tudo que eu quero. Tudo que é simples.
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Quando eu era jovem, eu vi um coração jovem quebrado. Nos olhos das pessoas eu vi tristeza na beira da praia. Eu tinha muita gente para falar desse mundo, mas não importou, porque os cacos eram meus.
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Se você usa biquini, vem passear no calor, você é bonita e sabe sorrir. Não misture as cores para não ficar sozinha. Eu gosto do vermelho pra te ver no espelho, gosto do amarelo quando você come farelos e do azul quando dança.... blues.

segunda-feira, julho 23, 2007

Ansiedade é foda


Sá, Rodrix & Guarabyra:
quero que voce me faça um favor
ja que a gente nao vai mais se encontrar
cante uma cançao que fale de amor
e seja bem facil de se guardar
meu amor, o que eu sou
todo mundo vê
me perdi, me esqueci
dentro do seu mundo
procurando a vida com voce
mesmo que as pessoas lembrem de nós
mesmo que eu me lembre dessa canção
nao vai haver nada pra recordar
nada que valeu, que houve de bom
meu jardim, seu quintal
sempre a mesma flor
hoje nao, cada um
dentro do seu mundo
navegando contra a solidao

segunda-feira, julho 16, 2007

Pássaros e bestas

-Para onde vais?
-Não sei, estava pensando em ficar parado um pouco.
-Eu estou indo trabalhar agora, depois a gente se fala
-Tudo bem!
-Até depois!
-Té!

terça-feira, julho 10, 2007

Boneco de pano


Estou caminhando por aí. O vento leva as folhas e traz a poeira. A chuva pesa no meu corpo e me deixa limpo. O sol seca e aquece. Continuo caminhando... desce luz e sobe luz, surge estrelas e todos dormem. O azul do céu e o lago. Pessoas conversam... enfiam cruzes em minhas costas, todas as coisas holísticas sem eu ver, tento protestar, do que adianta? Querem ajudar dentro de seus limites, se poupando dos seus medos e enfiando goela abaixo suas verdades. Continuo caminhando...tento acreditar nos sorrisos que aparecem, mas nada que eu vejo entra em harmonia no que se passa no profundo algodão do meu ser. O que eu sei sobre a vida? Sou manipulado, sondado, medem a temperatura sem trocar um diálogo e quanto custa um diálogo? Alguns fazem por 35, outros por 50, depende do status do Dr. Ouvido que fará uso do seu talento(escutar). Continuo caminhando... risadas abafadas, comentários abafados, pensamentos abafados, estou no inferno, um tremendo calor! Só sei que nada sei, em passos descordenados eu faço o meu rítmo. Querem um jogo, uma brincadeira, crianças egoístas! Estou deixando as pegadas... minhas pernas não se cansam.

segunda-feira, julho 02, 2007

Meu amor...


Meu amor... sinto muito, mas só ficará nisso, meu amor... meu amor... por enquanto só as frases breves, meu amor... Tudo bem! Ô Beleza! Fechei o livro e fui ver o filme com a minha irmã, que filme besta! Mulheres de vestidos esvoaçantes, falando de seus ancestrais e rituais idiotas. Danças celtas, alimentação celta, novela das seis celta, mulheres celtas, música celta, o meu peido celta, que saco! Já bastava a novela, tinha que aparecer este filme na minha frente! Que porcaria de filme! Uma cultura que parece ser tão idiota feita por pessoas que saíram de contos de fadas e com mentalidade de cinco anos. Cansado da mandinga, do Paulo Coelho e das Brumas de Avalon. Mitologia só pela estética é brincadeira de criança!

domingo, junho 10, 2007

Dia de chuva


Chá com bolinhos, foi tão reconfortante, eu tinha chorado tanto ao lado dela que fiquei sem saber se ainda estava com aquela cara de choro. As pessoas eram muito gentis comigo e sorriam com tanta suavidade, me lembrava as pinturas. Naquela sala, onde Chopin era o senhor da harmonia, um velhinho lia um romance de Victor Hugo. Recém havia chegado e eu já estava partindo, eles pediram para que ficasse até que o tempo melhorasse, mas ao ver aquele rosto novamente algo começava a desabar, não podia permanecer ali. Fechando a porta, saindo do paraíso que não servia mais para mim, eu olhava a rua. Um carro passava na minha frente naquele instante, deixando o barulho que se despedia aos poucos, resolvi caminhar devagar. Abrindo o guarda chuva eu sentia o vazio que este tempo me dava. Somente em dias assim que eu acredito em fantasmas, desconfio que seja um. Pessoas caladas caminhando com pressa e eu continuava no meu passo leve e despreocupado. Fiquei um pouco envergonhado, não queria chamar atenção, pensei em me desculpar " lamento, mas a chuva não está me incomodando, hoje eu me dei a liberdade de caminhar lentamente", logo percebi que não era necessário. A chuva era o estorvo daqueles caminhantes, a minha perturbação havia passado. O rosto dela voltava, um vento vinha e trazia mais água, meu rosto contorcia-se. As pessoas do bar me olhavam, eles me passavam um calor que acalmava os ânimos, gente comum com suas cachaças e cigarros baratos. As arvores deixavam um monte de folhas no chão, folhas pequeninas que ficavam grudada nos carros, havia algumas flores no chão completamente verde. Chegando na frente de casa, eu me despedia daquele dia, me despedia da poesia e daquele sorriso que ficou no outono.

segunda-feira, maio 21, 2007

A vida


No meio das lágrimas, entre os dedos, no brilho dos olhos, na lembrança de alguém muito querido.
No fundo do peito, na luz de um belo dia, no sorriso dos simples, nos valores que recebemos.
Na solidão, na amizade, na convivência de cada dia e na despedida. A vida está para os que ficam tanto quanto para os que vão. Te amo muito vô!

terça-feira, maio 08, 2007

Tudo é motivo de riso!


Se somos tratados como caixas, esquecem que somos frágeis.
Se somos tratados como alimento, esquecem que um dia tivemos vida.
Se somos tratados como animais, esquecem que nós também temos um sitemo nervoso.
Se somos tratados como amigos, esquecem que merecemos respeito.
Eu não posso saber se tudo o que eu sei ou escuto é verdade ou mentira, posso somente confiar. Eu não posso saber se tudo o que eu sei ou escuto é rídiculo a ponto de riso. A ignorância é a única certeza de tudo.

terça-feira, maio 01, 2007

Maio



STAR SIGN

Hey there's a horseshoe on my door; big deal.
And say there's a black cat on the floor, big deal.

If these things make your day
Well if these things change your day

Well do you know where you belong?
And is your star sign ever wrong?

If these things change your day,
Well if these things make your day
Seen it all before, seen it all before...
In a time these things will change

Hey there's a side of me unknown, big deal.
And say, should this unknown force be shown, big deal.

If these thoughts make your day
Well if these thoughts change your day
Seen it all before, seen it all before
Given time these things will change
Seen it all before, seen it all before
Given time these things will change.

If these things change your day
Well if this song makes your day.
Seen it all before, seen it all before
Given time these things will change
Seen it all before, seen it all before
Given time these things will change

domingo, abril 29, 2007

A felicidade me derrubou

A calçada batizada por tocos de cigarro e copos de plástico não me trouxeram a sensação de novidade ou satisfação, a calçada não havia me prometido isso. O prazer de conversar na noite não funciona com uma lua qualquer cheia de estrelas, porém há sempre uma luz que tende iluminar a superficialidade com a tentativa frustrada de alcançar mãos alheias...ciclos intermináveis de histórias que se repetem. Nascimento e morte me trazem a conciência do grão indivisível, a miudez, existir sem ter poder nenhum sobre ninguém. Um rastro gigantesco de poeira que se perde no infinito.

sábado, abril 21, 2007

Não quero falar de cavalos, pastemos em silêncio!

Não quero falar de cavalos, fiquemos quietos; relincho e sigo no campo. Apenas um animal que quer viver. Um animal que quer viver sem se importar com as ações das pessoas da fazenda. Sou pangaré de carroça, carrego jornal e gosto de bons caminhos. Fico triste pelos companheiros que andam por terrenos de cimento e asfalto. Faço o meu serviço de cada dia para chegar ao paraíso, a campanha, livre e tranquilo correndo em bando, eis o meu sonho. Quando eu fujo, eu levo uma surra de relho, mas logo me endireito e sigo no meu passo de cavalo manso. Ninguém pensa em me vender, sou muito útil no que faço e não cobro muito por isso; uma boa porção de milho, pasto e fico satisfeito. Muitos temem um coice meu, mas é só não passar por trás de mim. Bicho é assim mesmo, não gosta de surpresas. Olhando sempre para frente faço o caminho que me é posto. Quando olho para o lado, sinto o aviso e percebo a minha condição.

sábado, abril 07, 2007

Hoje eu lhe deixo viver

Todos são formigas, ninguém vai prejudicar em nada. Unidos, participamos de algo maior, não importa o que seja não teremos conhecimento do todo. O que realmente importa é se o trabalho está sendo bem feito e para isso cada um possui um senso autocrítico que é criado a partir de sua experiência de vida. Não importa a opinião do outro a sua função é essa mesmo e por mais que escute ou não o próximo é isso mesmo que é preciso ser feito.

quinta-feira, março 29, 2007

Co-tenente

Tristeza de alma, doença de alma, urgência de drama, sorriso na face, cheio de remendos. Com tantas agulhas que fincam profundas dizendo o que sinto, um mero objeto. Leva-me daqui e me ponha lá, peça de xadrez eu sou. Fico quieto, falei demais há muito tempo atrás. Orgulho que sangra no mar das falsas vítimas, tubarões que buscam alimentar a mente corrupta. "Fica quieto, falastes demais há dois segundos atrás." Karma e drama diluem-se no vai-e-vém das ondas.
A fraqueza é o sentimento...reprimido dentro do peito, pedras são moles por dentro. Bloqueado nos atos para ser artefato de um tempo tão remoto. Leva-me daqui e me ponha lá, vou aprender com você, dedos que agem no fundo do mar para ninguém perceber, "Fica quieto, falastes demais há dois segundos atrás",peões que dançam, a festa começa com ares angelicais.

quinta-feira, fevereiro 22, 2007

Meu olho, meu guia. (Parte 4)

O senhor idoso:
O meu avô foi um homem de muita importância neste lugar, era uma cidade sem muito a acrescentar, porém, ele estimulou os camponeses a trabalharem e desenvolverem sua cultura, logo, a prosperidade pairou naquela região. É uma pena ninguém reconhecer isso e chamarem ele de bêbado. A minha avó foi a primeira mulher a se separar na cidade, uma mulher de fibra, tratou dos 7 filhos sozinha, trabalhando como enfermeira na primeira guerra civil que acontecera por aqui. É também uma pena as pessoas dessa cidade a conhecerem como a prostituta dos guerrilheiros. Os sete filhos homens, foram criados em meio as guerras que aconteciam,tinham uma noção muito forte sobre política. A população não gostava muito dos meus antepassados, pois eles chegaram antes da igreja e tinham mais influência. Os padres, insatisfeitos com a situação, começaram a pregar contra eles nas missas e assim a "boiada" só precisou mugir igual. Com o passar do tempo, de pessoas influentes os "Vernica De La Baña" se tornaram os excluídos da sociedade. Todos os meus tios morreram nas guerras que aconteceram por aqui, somente um foi morar no exterior em uma comunidade diferente, dizia ter recebido a iluminação através de um som. O meu pai se casou com a filha do açougueiro, eles foram felizes até eu nascer, no dia do meu nascimento o primeiro prédio de limpeza facial foi posto na cidade e logo a "Era da manicure" dominou por longos doze anos, todos faziam unhas, cabelos, plásticas e tinham alguns que trocavam de pele, estes foram chamados de "geração cobra". Haviam os que protestavam, faziam culto ao feio e isso se tornou uma força terrorista dentro da cidade. Essa foi a minha infância, convivi com alegorias e sacos de batatas(roupas dos revoltados), o meu pai e minha mãe tinham ideologias diferentes, minha mãe era fundamentalista e o meu pai era o senhor barba-feita-unhas-limpas. Eu nunca vi uma briga deles, mas, um dia eu ouvi a minha mãe chorar, ela escondia o rosto, cheguei na sala e a chamei, ela estava maquiada, disse que ele tinha a obrigado a fazer isso. Depois dessa cena eu virei fundamentalista, fui morar em um buraco que tinha nos fundos de casa, era para ser uma piscina, mas nunca foi continuada. Neste buraco fiquei vivendo de luz, água da chuva, algumas minhocas e formigas.
A "era da manicure" já havia acabado, eu tinha 14 anos de idade e os opostos se juntaram para formar o movimento "simples", buscava o bom dos dois lados e defendiam a tese de se ter chegado a um ideal verdadeiro. Porém foi uma época de muita violência, a "geração cobra" foi caçada, queimada e muitos salões de beleza e buracos de fundamentalistas foram fechados. Eu virei um refugiado, a minha mãe me apoiou no início, mas após um tempo pediu para que eu voltasse para casa e tentasse viver essa vida "equilibrada". Não quis discutir com ela. Tive uma longa conversa com meu pai, tomamos um porre, brigamos e sorrimos, não conseguia aceitá-lo de outra maneira se não fosse assim: depois de muito conflito. Isso não me motivou voltar para casa, somente larguei a bandeira de fundamentalista e virei um "simples" ser. Fiz faculdade de "Sapataria e comércio inútil", me formei com 20 anos e me casei com uma modelo de saco de batatas. Nossa vida foi simples, tive uma loja de souvenirs e dois filhos. Um morreu logo que começou a ir a escola e o outro por não ir a escola sobreviveu. O meu segundo filho lutou em algumas guerras civis que aconteciam por estas bandas e sumiu por dez anos, voltou casado com uma guerrilheira, não tive muito contato com ela pois logo os dois morreram em uma dessas guerras deixando o meu neto para eu cuidar. O guri é até hoje muito criativo, aprendeu tudo sozinho cheio de talento, mas sempre teve um olhar sério para a vida, é um pouco calado o menino.

quarta-feira, fevereiro 14, 2007

Meu olho, meu guia. (parte3)

A donzela:
Sou a única filha, morava em uma casa de verão e ela era toda branca. Aprendi a tocar piano aos cinco anos e a minha família era muito bem vista na sociedade. Eu tive a melhor educação que uma criança poderia ter e não saia de casa sem luvas de seda. Tive tudo o que quis, nunca me faltou nada. Sempre fui uma ótima leitora e adorava filmes de western, o meu desejo era ter um romance como o dos livros com um homem do tipo Clint Eastwood. A minha mãe dizia que era uma combinação um pouco difícil de se achar, mas que ela iria fazer de tudo para encontrar um rapaz que fosse corresponder aos desejos de sua querida filha. Passeando pela capital, pude avistar o tipo que encontrava, ele segurava uma placa escrito "promoção" em frente a uma loja de souvenirs. Fui lá e perguntei se ele não estava interessado de viver um romance, ele disse que sim, mas que primeiro deveria terminar de ajudar o seu avô. Eu o esperei ali, rezando para que ele voltasse vivo, esforcei-me para não chorar, em alguns momentos pensei que ele estava a se despedir de uma outra mulher por qual havia prometido o seu amor, mas que agora iria vivê-lo com alguém que realmente merecia ou talvez propondo um triângulo amoroso. Tudo é possível na cabeça de quem ama. Ele voltou vestido como um piloto de avião, que emoção era a minha em descobrir que o meu amado era piloto de avião. Ele olhava para mim com aquele rosto de despedida e minha mãe buzinava no carro, "Depressa querida filha, amorzinho da mãe, o sinal está aberto", o meu coração batia forte! Ele olhou para mim e disse sem tirar o cigarro da boca:
-Hey sweet honey love, espere por que meu amor será seu, ficará morando com meu avô até que eu volte, quero que se guarde para mim. Se eu souber que um homem se aproximou de você, será o fim dele e quando uma mulher se guarda para mim é melhor para ela que ela cumpra com isso.
Ele saiu correndo pela rua e assim me deixou ali com o seu avô, um velhinho simpático, aquele tipo de velhinho que parece que foi velho a vida inteira ou que nasceu para ser velhinho e servir chá. Me despedi da minha mãe, escrevi uma carta para meu pai e cancelei todas as aulas que tinha que fazer. Virei uma mulher do lar e passava o meu tempo ajudando o vovô na loja de souvenirs. Depois dos acontecimentos que noticiavam no jornal que uma cidade estava sofrendo uma crise, coisas que eu não entendi, a lojinha de souvenirs virou uma sapataria, pois se tornou mais útil assim. Eu continuava a ajudar o vovozinho no trabalho, ele sempre sorria, o seu radinho sempre tocava uma música antiga da bohemia dos anos trinta. Com o passar do tempo não havia mais cliente, fui comprar carne e não havia mais vendedor, não sabia o que estava acontecendo. Peguei um carro aberto e fui para o interior, a capital estava vazia, eu precisava fazer isso, mesmo sabendo que deveria ficar junto do avô de meu amado. Ao chegar na casa branca de verão, minha mãe pediu para que eu não voltasse para a capital, ela achava uma grande loucura eu esperar por meu amado depois de todos os acontecimentos, mas eu não podia fazer isso. Segui os mandamentos da literatura clássica, voltei para a capital e esperei o meu amado.
Aqueles dias eram monótonos, por isso eu me refugiava nos meus sonhos e lá ficava, o vovô era o rei, o cachorro o bobo da corte e um homem que vestia preto e usava bigodes era um camponês qualquer. Ficavamos passeando por nosso reino, um mago havia feito todas as pessoas sumirem e somente com a volta do meu amor, o príncipe, o mundo ficaria a salvo das guerras civis e dos Feiticeiros malvados. Dentro do mundo que havia criado eu me sentia feliz, eu imaginava alguém a escrever isso, a minha vida, o meu romance, como eu queria isso! Os meus pensamentos só desviaram disso quando o camponês veio com uma fita e mostrou a coisa mais hipnotizante do mundo, a lambada. Meu corpo começou a se mexer e a minha mente ficou perturbada, o que estava acontecendo? O rei se dispos a dançar comigo, eu havia descoberto algo mais atraente que os livros. Aquela dança me trazia uma paz tão grande que tudo parecia estar perfeito. Estava tão envolvida naquilo que não consegui dizer muita coisa quando meu amado apareceu. Algo interrompeu a música acho que foi um tiro, o camponês estava no chão.

quarta-feira, fevereiro 07, 2007

Meu olho, meu guia.(parte 2)

O Bandido:
Depois do holocausto, meu tio caolho me abandonou e disse para cuidar muito bem das vistas. Ele era fissurado por olhos, depois que havia perdido o seu olho direito ele cuidava do que lhe havia sobrado com muito zêlo. A vida dele sempre foi aquele olho e ele nunca me dava atenção, aos nove anos, decidi então rir de sua desgraça. A partir daquela idade a minha vida se resumiu a rir da desgraça dos outros, fossem elas pequenas ou grandes e por causa disso começaram a me chamar de El hombre que tienes la risada infernal. Para estar a altura do nome que haviam me dado, comecei a vestir preto. A imagem é sempre importante para dar impacto e intimidação à vítima. Um bigode bem arrumado ajudava no conjunto.
Com a partida do meu tio caolho, fiquei perambulando por esta capital vazia, ficava subindo e descendo nos elevadores dos prédios, lia as revistas das livrarias e me alimentava do que havia no supermercado. Não precisava gastar dinheiro algum, não havia viva alma para cobrar, porém, um dia fui no sapateiro procurar graxa para o meu sapato preto, e quando estava saindo da loja, um homem idoso surge do interior da sapataria cobrando pela graxa que eu estava a levar. O que eu fiz? Ri da cara dele é claro! Estava precisando disso, é difícil viver em uma cidade vazia, principalmente quando se possui a fama de rir de todos. Nesse caso eu ficava rindo da minha desgraça mesmo, só para não perder o hábito. Para a minha alegria, o vovô tinha um cachorro e uma protegida que me ignorou completamente, acho que o pôster do Clint Eastwood no quarto dela tinha algo a ver com isso. Os dias eram tão monótonos que a minha risada não causava efeito algum naquelas pessoas. Ficávamos subindo e descendo pelos elevadores dos prédios, lendo revistas nas livrarias e se alimentando no supermercado. O passatempo era o radinho do velhinho e seu cachorro rídiculo, que havia roubado a cena. Nenhuma risada de deboche superava aquele ser peludo de língua de fora.
Cero dia, para quebrar a rotina, fui passear em uma igreja e no toca fitas do chevete do padre, eu encontrei uma fita de lambada que tocava somente uma música "Chorando se foi...". Isso era muito bom, uma bela maneira de se distrair nas tardes vazias. Quando voltei, pus a fita no radinho do velhote e mandei ver. Eu dizia para eles, "Dancem enquanto podem, pois um dia serão somente ossos e mais ossos, todos juntos na panela". Os olhos daquela moça começaram a brilhar e seu livro de romances foi guardado no bolso. Os dois começaram a dançar e o cachorro não recebia mais atenção, como eu estava feliz!

quinta-feira, fevereiro 01, 2007

Meu olho, meu guia.

O Mocinho:
Cheguei naquela velha cidade com a esperança de ver a minha amada, meu avô e meu cachorro. A capital estava muito quieta e algo não estava me cheirando bem, era como se eu soubesse o que estava prestes a acontecer. Pelas ruas desertas eu caminhava e em certo instante eu percebi que os garis não estavam mais trabalhando, isso deveria haver anos, que diferença a ausência deles fazia! As calçadas estavam cheias de jornais, sacolas e papéis que eram levados pelo vento. Eu desviava de todos eles, procurando chegar o mais rápido possível em minha casa. Ao dobrar a primeira esquina eu encontro o meu avô, ele estava a dançar lambada com minha amada e um homem de bigode e vestes pretas segurava o rádio que tocava a música " Chorando se foi...". Eu esperava ver algo parecido, sim eu estava certo, mas ao invés de lambada eu pensei que iria encontrá-los dançando tango. Fiquei indignado, pois lambada era a dança proibida e de imediato mostrei a minha opinião sobre a cena que se apresentava a minha frente:
- O que está acontecendo aqui!?
O meu avô olhou tranquilamente para mim e sem parar de dançar deu um sorriso e falou:
- Que bom que chegaste de viagem, tu notastes que a cidade está diferente? Tu ficastes muito tempo fora do país e agora as pessoas que ainda estão vivas moram no campo, poucas pessoas como nós se arriscam a viver em grandes capitais como esta. Acredito que sejamos as únicas.
A minha amada olhou para mim sorrindo e disse:
- Eu te amo tanto quanto uma manhã de sábado ensolarada. A lambada é a dança do sacolejo, agora eu só quero sacolejar e não quero que isso estrague o nosso amor tão lindo que é digno de virar um clássico da literatura universal.
O meu chão sumia e San Juan, meu cachorro, chegava mais perto, latindo como um desesperado. A música começava a me pertubar "Chorando se foi..." e o homem de vestes pretas ficava rindo da situação. Dei-lhe um tiro! Pronto, a música havia acabado e ninguém mais dançava.

segunda-feira, janeiro 29, 2007

Nada

Em uma noite de lua, eu e Propanolol fomos à beira da praia. Nós queríamos ver o quanto a maré tinha avançado na areia e não notamos muita diferença. Pegamos uma esteira e ficamos ali. Conversamos sobre as coisas do cotidiano, sobre a vida e sobre nós mesmos. Quando a conversa havia gastado, e para isso acontecer demorava horas, Propanolol disse que ia encontrar um canto para dar uma mijada. Fiquei esperando sua volta, mas ele não voltou. No início pensei que fosse brincadeira, mas ao amanhecer fui perguntar aos seus pais sobre ele e eles não souberam dizer onde o cara se encontrava . Perguntei também aos amigos e conhecidos, a resposta foi a mesma. Fiquei preocupado, mas as outras pessoas estavam muito tranquilas, os pais de Propanolol não demonstraram muita preocupação ao seu sumiço. E eu estava muito agitado, fiquei muito perturbado, pensei em mil coisas. Comentava com todo mundo, mas as pessoas não se alteravam nem um pouco. Algumas vezes me senti um palhaço, outras vezes achava que todo mundo sabia de algo e outras eu mandava tudo para o espaço. Havia algo que eu não sabia, os meses passaram e eu continuava sem saber. As pessoas viviam tranquilas, pois elas não tinham nada a ver com aquilo, nem mesmo os pais da criatura que havia sumido. A vida continuava com sorrisos e tristezas, desgraças e maravilhas, filosofias para o mundo, religiões e auto-ajuda,etc. E a sociedade me ensinou uma coisa, que até mesmo uma amizade não tem importância, pois a vida segue e ela pouco se importa com isso. Eu tentei acreditar que este era o desejo de Propanolol, porém não o entendo e isso não precisa ser importante, pois a vida segue e é isso.

domingo, janeiro 14, 2007

Plano Maior


Eu só consigo ver o seu sorriso brilhando no fim do túnel, são aqueles dentes que não tem preço, que iluminam a vida deste jovem rapaz. Berenice nem passa perto comparado ao que estou falando, está tudo anotado no caderninho, riscarei conforme o meu progresso. E de dente em dente, digo, aos poucos chegarei lá! Nas curvas deste caminho aparece velhinhas jogando baldes de mijo para fora de suas casas, é preciso estar atento!
E neste rumo de esperança, eu escuto um eco dentro do túnel, um eco dos primórdios, uma voz de longe que estava a milênios aprisionada naquele lugar. Ela diz "psiu" e vai embora, de vez em quando volta e faz "psiu" de novo e some. Eu paro, espero, penso e continuo. Um dia eu respondi "psiu" para este eco milenar e ele não fez nada, não respondeu com o seu "psiu" enigmático. No início pensei que este eco era livre e irregular, porém era tão previsível quanto algo que busca não se repetir. Dando continuidade ao mistério, ele seguiu. Foi decifrado paralelo com o meu caminho e assim espera ele um dia despertar a inquietude novamente. "Problema", "conflito", são palavras com as quais batizamos os fatos. é necessário?

quinta-feira, janeiro 04, 2007

Guiding Star


"Em cada passo que dou para frente sinto a necessidade de olhar para trás". Era o pensamento que comandava sua vida naqueles meses. Não adiantava conversar com as pessoas a sua volta naquele momento, não adiantava conversar com todas, talvez algumas. Um sentimento de aridez que machuca a alma lhe preenchia, seu coração cansava de doer. Noites que choram no escuro e ele não entendia nada, não pensava em nada, evitava as suposições. Pouco importava se houvesse uma solução, não dependia só dele. O que estava a aprender com isso? Ele não sabia. O silêncio foi lhe imposto e assim seguiu calado. Tentou falar, mas logo viu a sua impotência perante aquela situação. E cada passo que firmava no chão era feito com todo cuidado, porém pouco adiantava. No seu íntimo algo lhe dizia que aquilo era um ciclo e que tudo iria voltar em outra ocasião.