domingo, dezembro 31, 2006
OVNI
Os seres atravessam na minha frente com risos, plásticos e cachaças azedas retiradas de suas axilas. Os dentes caem para fora e isso tudo poderia estar dentro de um romance clássico do século XVIII, isso é divertido, mas não é sobre isso que eu quero falar.
Chegaram as festas, datas tão festivas, o mundo é belo e o meu coração é preenchido de nostalgia, mas não é bem isso que eu quero dizer!
Estou numa viagem de pesquisa para adquirir algo que não sei. Por isso, caminho por esta cidade. O sol é forte, muitas pessoas também são, mas o sol é grande e não é pessoa. A brisa é amiga e os produtos uruguaios são baratos. Não me importa quem anda por esta calçada, mas a calçada em si. Esse lugar tem algo a dizer e eu sou tão surdo! Quem é que escuta uma cidade? Quem é que entende um lugar? Isso não importa
também! O que importa é que não desistirei fácil!
escrevinhado por:
Wagner Sabbado da Rosa
e isso foi parido neste momento:
12/31/2006 12:43:00 AM
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terça-feira, dezembro 12, 2006
O calor me derrubou!
Alguém deixa passar o vento, ele agradece e senta em um banco. Nas esquinas eu vejo os objetos quase dobrando, quase sumindo. Um fim de ano qualquer. As mãos soltas escorrem pelas calças, eu estou muito sóbrio.
O ônibus estava tão vazio, uma imagem que vou guardar, a validade dessa lembrança é curta, em três horas sumiu.
escrevinhado por:
Wagner Sabbado da Rosa
e isso foi parido neste momento:
12/12/2006 01:41:00 PM
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domingo, dezembro 03, 2006
Geração Matusalém
Estava caminhando pela rua procurando um cadáver. Perguntei ao cara do açougue se ele vendia. Ele fez uma careta estranha, pois ali era cidade pequena e nesse tipo de lugar tudo o que um forasteiro pergunta os habitantes estranham, a conversa foi assim:
- Moço, como é seu nome?
- Paulo Nósi, o pessoal me chama de Nósinho.
- Seu Nósi, estou querendo um presunto, digo, cadáver, tu me consegue um?
- Como?
- Um cadáver, alguém que já morreu, tu sabe como é que é, o natal está chegando e...
- Sim... digo, mas aqui não é muito normal isso.
- O natal?
- Não... o lance do morto, o pessoal não se acostumou ainda, e acho que não vão mudar.
- E por causa disso tu não comercializa por aqui?
- Não adianta pendurar um corpo inteirinho no frigorífico se ninguém vai comprar.
- E um boi? Um corderinho? Tem?
- Olha, tá difícil, dá pra ser o de mentirinha? É muito bom também.
- Esquece! Vou comer formigas! Brigado Nósinho, agradeço a hospitalidade, mas quero lhe informar que agora são novos tempos, o pessoal vai começar a procurar isso aqui. Se eu fosse você começava a comercializar presunto.
- O pessoal daqui é tradicionalista, não é como a capital que muda a todo momento seguindo as tendências do mundo, é que nem pedra, não sai do lugar. Não se preocupa não seu moço, que eu estou muito bem vendendo o que eu vendo.
- Se você diz, não vou discordar, mas a maré vai mudar, se vai! Passar bem!
- Já vai tarde moço! Já vai tarde.
A conversa morreu ali e algumas pessoas ouviram do lado de fora, me olhavam como se eu fosse o anticristo, mesmo tendo comentado sobre o natal, sei lá, o interior é o sinônimo da ignorância e essas pessoas demostravam isso com todo o seu potêncial.
escrevinhado por:
Wagner Sabbado da Rosa
e isso foi parido neste momento:
12/03/2006 06:12:00 PM
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