sexta-feira, agosto 22, 2008

The king of mountain


Essa semana eu deitei na minha cama de cuecão e camisa branca, esperando ansiosamente estar logo com minha querida novamente. A minha cama é um sofá-cama, e as vezes eu me canso de estar numa cama e a transformo em um sofá e outras vezes o inverso. Dessa vez eu me deitava no sofá, eu faço isso com o objetivo de não prolongar meu sono. Pena que isso não funciona muito bem, mas gosto de ver o quarto com mais espaço. Depois disso vieram uns soldados, pareciam que tinham saído de algum lugar que já ouvi falar, mas não sei onde é. Eles me pegaram pelos braços e foram me levando para algum local que trascendia meu armário, havia uma grande estrutura, parecia aquelas construções que eu imaginava nos livros de tragédias gregas. Eu sentia aquela sensação que tive com 14 anos quando eu li "Prometeu Acorrentado", "Édipo Rei" e outras histórias de sangue e lamúrias antes de cristo. Chego até um homem de barba, envolto em tecidos que deveriam ter sido buscados de navio em algum canto do mundo em troca de ouro e vida de alguns de seus súditos. Olhou para mim com um sorriso no rosto e me ofereceu uma bebida de raízes. Que bebida forte! Me deu um ataque de tosse, fiquei vermelho, me esquentou das cabeças aos pés. Ele bebia tranquilo e dava risada do meu comportamento. Largou o cálice e começou a falar:
- Tenho acompanhado o que tem feito, espero que tenha ficado protegido e seguro nessa semana, aqui no meu reino não tem algo que nos abale. Você precisa de discernimento e uma seta a seguir, sei que depois de hoje você vai ver outras coisas nessa caminhada, mas não se esqueça do que eu te digo, não perca o rumo das tuas metas! Outra coisa que quero te dizer também, sei que estás divulgando o que anda fazendo por aí, explique direito o que está a fazer no teu blog, até agora eu vi coisas alegóricas separadas e ninguém entende direito que você faz uma jornada de tarô e que cada semana é um arcano(carta) que você estuda. Explica que isso é uma caminhada de auto conhecimento e que você vivencia-nos no seu dia dia. Essa coisa de expor as coisas e pronto sem uma explicação racional e organizada é coisa da tua mãe.
Tive que interver nessa hora:
- Desculpa senhor, digo majestade, mas a que mãe se refere, você deve saber que eu tenho algumas por aí.
- A minha mulher.
Logo eu percebi que ele me considerava um filho, fiquei contente com isso, mas ao mesmo tempo eu via em seu semblante que ele não gostava de mostrar sentimento de afeto ou alguma coisa que lhe desse muita intimidade comigo e com qualquer um. Continuou a falar:
- Bem rapaz, era isso que eu queria falar contigo, sei também que estava achando que eu não era tão imponente quanto o Imperador do Tarot de Marselha né? Não se esqueça que eu estou lhe tratando muito bem e que na minha semana não aconteceu nada com você, espero que fique muito agradecido. O outro iria lhe causar uma bela de uma briga com a tua mulherzinha, eu sou mais justo e sei quando deve haver brigas ou não. Nessa semana você teve a oportunidade de por a sua vida nos trilhos e teve tempo para ficar bem a vontade, foi bem servido e nada lhe faltou, ficou seguro em tuas idéias e tudo correu bem. Pense nisso e avalie.
Depois dessa conversa ele debochou um pouco da minha roupa de dormir, dizendo que quando era mais novo dormia pelado e essa juventude sensível só podia ser culpa de sua mulher que fica influenciando com todas aquelas frescuras e vaidades inúteis. Pensei comigo "mas tu gosta que sua mulher se cuide né?". Sei que não tenho o físico de guerreiro e nunca vou lutar no seu exército, mas fico contente em pelo menos ser bem recebido em seu reino, foi o que queria ter lhe dito antes de ir embora, mas acho que ele sabe.

terça-feira, agosto 12, 2008

Fartura(mas que seca danada!)


Não pense em mim como o seu canguru, não vou te levar na barriga.
Já deu para nós, quero tudo em paz, não vou te pegar na saída.
A mulher do véu, a mãe do céu e as fases da lua.
São os meus heróis de Wonderland que acalmam as águas turvas da vida.

O meu pinóquio é um verdadeiro alquimista.
Cansei das nebulosas, eu vou pegar minha corneta.
As minhas asas já não são tão pequenas.
Pequena, pequena, a vida não se faz com gorjetas.

Zona Norte, Zona Sul, áreas desconhecidas.
Me revelam no sinal, entre o verde e o vermelho.
No meu espelho já se foi alguém que sabia de segredos.
A minha espiral volta com força total.

Cada semana é uma paulada da vida.
Os galos cantam as músicas dos pensamentos.
A minha mãe é melhor que qualquer sofá.
Os seus medos e o inverno de gelo

Compus essa canção na semana da carta da Imperatriz. É um pouco confuso de se entender este arquétipo a partir dessa composição. Ela é uma emoção mais racionalizada comparada a sacerdotisa, exterioriza a situação, resolve os problemas sem brigas com a passividade e amorosidade de uma mãe. É a representante feminina do tarô junto com sua irmã que se enrola nos panos e faz carinha de suspense. Representante da criatividade, arte, fertilidade e sabedoria pelo coração. Nesse post aconteceu algo interessante, soltei de maneira desordenada em formato de canção o que havia dentro de mim. Hoje, na semana posterior na qual vivencio a carta do Imperador consigo organizar este jardim musicado cheio de alegorias. Característica dessa mulher fértil e cheia de vida que se doa e abre as portas para os visitantes e adoradores de sua arte espontânea.

domingo, agosto 03, 2008

A garota do pântano

E de repente tudo escureceu, onde estou? Que caminho estava seguindo? Aonde eu queria chegar? Uma substância negra estava vazando do meu peito e uma criatura surgia entre a névoa. Uma mulher de panos que a cobriam por inteira. Ela nada dizia, mas me enchia de dúvidas sobre as minhas certezas e certezas sobre o que havia escondido em mim. Havia um lampião que clareava o meu peito e nele a substância negra gritava de pavor. Que vontade de chorar, todos os ranços de meros 23 anos de idade surgem gritando, tocando suas cornetas e fazendo suas tragédias. O silêncio novamente aparece, a lua em seu sorriso me faz lembrar que eu também sou uma alma noturna. Nas mãos daquela mulher há uma chave para algum segredo meu e ela sabe que aquele terreno é profundo e que muitos podem não voltar de lá. Os seus olhos lêem a alma de qualquer mortal, sabendo disso, eu lhe disse:
- Queira me desculpar, sei que muita coisa minha está posta no escuro. Você tem muito conhecimente e de ti não há nada que possa ser escondido, andei jogando algumas coisas minhas por aqui que não queria ver mais, mas vejo que você as guarda bem para me mostrares nos momentos necessários. Me dói o peito e peço que me ajudes na jornada que sigo, contigo eu vejo os meus vícios. Sempre será nescessário saber que a minha lúcidez pode estar por um fio e a única certeza que tenho é que é preciso amar para não morrer ainda vivo. Te amo e sei que me amas, ao seu modo que não vou entender, mas me ama.
Continuo esperando esta noite passar, estas arvores secas, este frio e a umidade me trazem medo, mas por saber que ela está comigo, mesmo em silêncio, consigo controlar-me. De certa forma ela também é minha mãe.