sábado, março 29, 2008

Mais uma vez, sem saber o porquê.

Eu abri minha boca, falei o que pensava, saiu um rinoceronte inteiro e ficou parado ali no meio da sala. No início só houve o espanto e ninguém fez nada, mas ele começou a fazer barulhos e agitar as patas. Ela disse:
-Bixo burro! Tanta coisa para se falar do mundo e você me diz isso!?
Fiquei meio sem jeito.
-Pois é... Saiu, mas eu não leio seus pensamentos, não sei se é isso mesmo que você está dizendo.
Ah! Me esqueci de dizer que havia um vidro entre nós e não conseguíamos escutar um ao outro, mas o animal selvagem tinha contato com nós dois e seu humor estava alterando. Ele era branco, o rinoceronte, e queria que a gente agisse. Eu me pus a cantar uma música antiga e ela em seguida prestou-se a me acompanhar, será que cantávamos a mesma música? O imenso animal começou a murchar soltando fumaças coloridas do seu interior, eu falei sarcasticamente:
-Poderia ser mais infantil? Algo como o Mágico de Oz.
Entre a fumaça ela fazia uma careta tentando me entender e continuou a cantar. Eu não cantava mais, mas conseguia escutá-la. Depois dos efeitos especiais, só restava um lençol branco, ela estava cansada e me olhava pronta para sorrir. Não sei se foi eu ou ela quem disse:
-Então era isso né?
Preparado para a despedida.

quinta-feira, março 20, 2008

A encenação do berro contido

Eu não sei se estou forçando a barra, pondo a carreta na frente dos bois, mas pra mim já deu o que tinha que dar. Tchau São Sebastião do Caí! Eu falei tanto que ia sair e não saia nunca, criei uma expectativa. Eu estava dependendo de passar no teste de motorista e eu rodei nesse teste, a roda entrou em cima da calçada, não demorei três minutos dentro do carro e já saí. "Tenta de novo, faz mais uma vez, umas 10 aulas e tu está pronto". Tudo bem, eu vou fazer, mas não aqui, nada contra ninguém, mas essa promessa de sair do Caí logo após o término da carteira dura desde julho de 2007. No início eu tinha medo e preguiça de fazer as aulas práticas de trânsito, mas agora elas estavam tornando tudo mais complicado. Não comprei as passagens para o ônibus da faculdade, "vou mudar de cidade logo, não preciso me preocupar", estou gastando mais do que devia, não estou conseguindo juntar grana para sair pelas outras cidades e buscar emprego, e os polígrafos da facul não são baratos. Estou ficando na contramão das minhas metas. Tchau Caí. Para quem não sabe, essa história da carteira já está fechando um ano, apareceu muitos empecilhos postos por mim e pelo destino, mas agora a minha vontade vai prevalecer. Pode olhar feio quem ficar desgostoso em relação a minha atitude, mas há algo que grita e eu estou ficando louco.

segunda-feira, março 10, 2008

Um mal a menos

Eu fiquei pensando na violência transmitida na rádio guaíba, nos cachorros lá da esquina e nos resmungos do seu pai. A violência passeava por aí, tão sutil como uma irritação, um dizer baixinho pelas costas, até o murro que fez o meu nariz sangrar. Aquele amigo andava cruzado, de olho vermelho e lingua enrolada. Ele me dizia palavras, mas assunto faltava. O amigo queria o amor além da calcinha de renda, podia ser de algodão, tanto importava. Os nossos relógios estavam em tempos diferentes, eu quero amor e quero amar, serviço de primeira classe para quem é o top of the top. Do you understand me? O resto esta nas bordas das montanhas ou chegando lá, desvios e caminhos, atalhos ou obstáculos, pense grande e olhe o que está mais alto, somente na ponta.

sábado, março 01, 2008

Confidências

Os segredos não existem para serem guardados, eles servem para serem dividos num momento de afeto e carinho com pessoas que valem ouro. Todas as pessoas valem ouro, mas eu não consigo ver o brilho em todas. A minha vista foi falhando junto com o amadurecer, mas eu sei que está lá, então eu finjo. Quando eu era bem pequeno o meu avô tiinha um cavalo em sua chácara, havia porco, galinha, goiabera, abacateros, espantalho e a minha avó gordinha distribuindo doces. As pessoas que vinham me perguntar o nome do cavalo eu o dizia em seu ouvido: "Segredo".