segunda-feira, janeiro 29, 2007

Nada

Em uma noite de lua, eu e Propanolol fomos à beira da praia. Nós queríamos ver o quanto a maré tinha avançado na areia e não notamos muita diferença. Pegamos uma esteira e ficamos ali. Conversamos sobre as coisas do cotidiano, sobre a vida e sobre nós mesmos. Quando a conversa havia gastado, e para isso acontecer demorava horas, Propanolol disse que ia encontrar um canto para dar uma mijada. Fiquei esperando sua volta, mas ele não voltou. No início pensei que fosse brincadeira, mas ao amanhecer fui perguntar aos seus pais sobre ele e eles não souberam dizer onde o cara se encontrava . Perguntei também aos amigos e conhecidos, a resposta foi a mesma. Fiquei preocupado, mas as outras pessoas estavam muito tranquilas, os pais de Propanolol não demonstraram muita preocupação ao seu sumiço. E eu estava muito agitado, fiquei muito perturbado, pensei em mil coisas. Comentava com todo mundo, mas as pessoas não se alteravam nem um pouco. Algumas vezes me senti um palhaço, outras vezes achava que todo mundo sabia de algo e outras eu mandava tudo para o espaço. Havia algo que eu não sabia, os meses passaram e eu continuava sem saber. As pessoas viviam tranquilas, pois elas não tinham nada a ver com aquilo, nem mesmo os pais da criatura que havia sumido. A vida continuava com sorrisos e tristezas, desgraças e maravilhas, filosofias para o mundo, religiões e auto-ajuda,etc. E a sociedade me ensinou uma coisa, que até mesmo uma amizade não tem importância, pois a vida segue e ela pouco se importa com isso. Eu tentei acreditar que este era o desejo de Propanolol, porém não o entendo e isso não precisa ser importante, pois a vida segue e é isso.

Um comentário:

  1. Primo, passei por aqui e adorei o texto (como sempre).
    Saudades das nossas conversas já!
    To esperando a tua carta.
    Te cuida
    Beijos

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