sexta-feira, dezembro 28, 2007

E o pobre come melancia

Na estrada eu vi uma casa no meio do campo. Nesta casa morava uma mulher de 23 anos, ela gostava de cantar sozinha. Ninguém nunca a escutava cantar, mas ela gravou um disco que nunca lançou e essa é a prova de que eu estou falando a verdade. Uma vaca mugia do lado de fora e o vento soprava as folhas das árvores que estavam em torno da casa, as únicas que haviam. O resto era plano, um horizonte infinito com alguma coisa em vista lá no fundo, mas muito longe. Nesta lonjura eu me encontrava vendo a casa, passando de carro na velocidade de 80 Km/h. Alguns minutos da minha vida, nada mais do que isso, foi o tempo que demorei para escutar seu disco. As estrelas brotaram de seu vestido, uma dançarina que só tinha olhos para mim, ela cantava com uma voz tão suave que me imaginei em um oceano à meia noite. Uma baleia passava lentamente, espirrando seu jato, o seu canto me fazia pensar na vaca que mugia, esta não pensava em mais nada do que capim. Tudo bem! Eu também já fui assim. Já pensei e isso não doeu, mas me pôs em um sono tão profundo que me fez esquecer da realidade. Naquela noite eu não estava mais lá, eu havia passado perto do meio dia. Todos estavam em silêncio dentro do carro, no momento em que eu vi a oportunidade de escrever. Eis o manto azul que pousa sobre mim, o que dizer das tragédias se eu não as vivenciei. O que dizer de vocês, Pontos de interrogações? A mulher cantou no vazio e eu estava tão distante, tão bela gravação!

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