domingo, dezembro 11, 2005

Isto é para ser sentido!

Na esquina havia crianças esmolando, acreditando que um homem generoso poderia passar por ali. Todos naquela cidade sabiam que viviam um pouco de ilusão, que, por mais que ninguém fosse satisfeito com a vida que tinha, ela não era ruim o bastante para reclamar. Quando alguém tentava lamentar, um homem que trabalhava para o governo liberal-propagandístico-qualquer, aparecia e logo colocava a pessoa em seu devido lugar, lembrando das crianças da Somália. A melancolia enchia os pulmões dos habitantes e a cidade suspirava, um lamento em conjunto e mudo. Muitos sorriam durante o dia, mas podia observar um olhar caído e um "é..." profundo dito ao fim de qualquer assunto. No centro da cidade havia uma praça onde alguns jovens passavam o dia tocando violão e escrevendo em cadernos pequenos, alguns conversavam e outros ficavam sozinhos. Dias de vento, nublados e até de sol não incomodavam a população, o real problema era os dias de chuva. Todos trancados, alguns não aguentavam e saiam, enfrentando as tempestades ou o que fosse aparecer. Nos mais jovens havia um amor pela arte e nos mais velhos um sentimento nobre pelas coisas simples. Os ciganos não passavam por ali, nem o circo e a igreja. Já haviam tentado, mas não havia o que salvar e nem o que agradecer.
Certa vez chegou um grupo de pessoas para analisar o comportamento dos habitantes, elas tinham recebido uma carta do homem que trabalhava para o governo liberal-propagandístico-qualquer, ele pedia uma repressão para haver mudanças no comportamento da população.
Estas pessoas conseguiram fazer isso, mudaram o comportamento de todo mundo, fizeram o povo sentir-se mais seguro. Até porque elas não eram como o homem que trabalhava para o governo liberal-propagandístico-qualquer, pareciam ser mais abertas a opiniões e sua visão propagandística-qualquer aparentava ir mais além. Estas pessoas impressionavam eram realmente excêntricas, querendo conquistar o mundo. Isto tudo estava certo porque de uma maneira ou outra elas pensavam nas crianças da Somália. O objetivo do governo era eliminar o foco da "arte pela pureza", da consciência que o artista sofre amando a vida e o simples. O governo e qualquer pessoa com uma visão propagandística qualquer desprezava um ser que suspirasse, admirasse até o fundo de seu âmago, as palavras e qualquer coisa existente. Eles conseguiram, o governo propagandístico havia acomodado as pessoas, até o dia em que houve o dilúvio.

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