domingo, setembro 16, 2007

Take a walk!

Eu já não tenho mais nome, retiraram ele da minha pele quando eu estava dormindo. Agora de noite há um fogo queimando perto dos carros, eu não consigo me identificar com ninguém. Um colchão velho abandonado em um terreno baldio. Faço minha cama e peço para me esquecerem por um tempo. Surge um dia claro e cinza, um cachorro abre um lixo com os dentes, eu olho para as famílias de classe média e percebo que elas têm mais medo do que eu. Um dia irei precisar delas, seja para esmolar, seja para qualquer coisa... Elas terão que colaborar. Continuo caminhando. Chego ao centro: carros, juventude confusa, velhice conformada, dia da feirinha, é tão fácil ler aqueles rostos. A água quer entrar dentro do meu corpo, matar a sede de um dia cinza, necessidades em um dia cinza. Não me sinto bem. O centro está longe, um caminho de terra, muito verde em volta, um homem passa com um boi. Já não há mais nada, aquela estrada continua, um buraco branco com um circulo azul esverdeado na volta divide a estrada, ele está num ângulo de 90 graus ao chão. Muitos pássaros saem de dentro, mas penso comigo "eles estavam dentro do que?", "dentro de um buraco seu idiota!". Meto a cabeça dentro desta coisa incomum no meio da estrada e vejo o lado de fora. Não consigo saber se estou saindo ou entrando. Talvez eu esteja saindo de uma coisa e entrando em outra, depois de muito esforço consigo chegar a essa conclusão. Não sei o que esse buraco significa e não tenho nenhuma explicação ou teoria para isso. Eu olho para ele, e não sei por que, mas me deu vontade de dizer: "eu te respeito, continue existindo e fazendo sua parte, eu prometo que irei viver minha vida". Nada acontece, passo pelo lado dele e continuo caminhando, chego perto de algumas casas abandonadas e vejo alguns caras de óculos escuros atirando em alguém que está com as mãos amarradas. Eu paro e penso naquela coisa no meio da estrada e depois sigo tranquilo. Em uma das casas de madeira, tem uma mulher dando a luz, ela grita bem alto, eu nunca tinha visto isso, mas não quero chegar perto para não incomodar. Há um riacho poluído ali perto, vou dar uma descansada ali, meus olhos pesam, não sei se um dia irei acordar.

Um comentário:

  1. Cara, que loucura!!! Foi sonho mesmo ou rolou uma sopinha do cogumelo antes? rs....

    gostei do texto.

    Valeu.

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